Pé torto congênito é uma deformidade de desenvolvimento do pé em que um ou ambos os pés estão com as coisas plantas excessivamente flexionadas, com o antepé virado medialmente e a sola voltada para dentro.
É uma malformação congênita comum, tipicamente descoberta no momento do nascimento como uma anomalia isolada em um recém-nascido normal. Todavia pode ser descoberta no ultrassom ainda durante a gestação. O tratamento pós-natal é importante para prevenir potenciais incapacidades e dores futuras.
Causas de pé torto
O pé torto pode ser classificado como idiopático (congênito), sindrômico ou posicional:
● O pé torto idiopático (congênito) afeta os ossos, músculos, tendões e vasos sanguíneos de um ou ambos os pés. É uma anomalia isolada em um recém-nascido saudável e o tipo mais comum de pé torto.
● Pé torto sindrômico refere-se a casos associados a malformações anatômicas adicionais e/ou anomalias cromossômicas ou genéticas.
● O pé torto posicional resulta da posição do feto no útero e está frequentemente associado a um ambiente uterino restritivo (oligodrâmnio, anomalias uterinas). Um pé torto posicional é flexível, em vez de rígido, e pode ser posicionado em uma posição neutra facilmente com a mão.
Diagnóstico
DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL
Embora a ultrassonografia transvaginal possa visualizar claramente o pé no início da gestação, o diagnóstico não deve ser feito antes de 13 semanas de gestação, pois a característica de flexão plantar e adução do pé pode ser um achado de desenvolvimento normal.
Critérios diagnósticos e achados
O diagnóstico ultrassonográfico é baseado na visualização da superfície plantar do pé fetal no mesmo plano sagital de ambos os ossos da extremidade inferior. A posição anormal deve persistir ao longo do tempo e apesar do movimento do pé, uma vez que o feto pode temporariamente transformar seu pé em uma posição simulando o pé torto. Além disso, o pé deve ser visualizado longe da parede uterina. A ultrassonografia tridimensional, se disponível, pode fornecer uma imagem nítida, mas não é essencial para o diagnóstico.
O pé torto é unilateral em 30 a 40 por cento dos casos e bilateral em 60 a 70 por cento. A maioria dos casos é isolada, sem anormalidades genéticas ou outras alterações estruturais.
O pé torto bilateral não parece estar associado a um risco maior de anomalias associadas do que o pé torto unilateral.
Etiologia
O pé torto pode ser secundário a fatores intrínsecos ou extrínsecos ao feto; a maioria dos casos é idiopática. O prognóstico depende de vários fatores, incluindo a gravidade do defeito e a presença de anormalidades estruturais e/ou cromossômicas adicionais.
CUIDADOS PRÉ-NATAIS
Avaliação pós-diagnóstica — Sugerimos o seguinte após o diagnóstico pré-natal de pé torto, dada a ocorrência comum de anormalidades associadas, anormalidades cromossômicas e síndromes genéticas.
●Pesquisa anatômica ultrassonográfica completa, incluindo avaliação de anormalidades associadas e avaliação do movimento fetal geral e especificamente do movimento das articulações dos membros superiores e inferiores. A presença de polidrâmnio e pé torto sugere uma anormalidade neurológica central que afetou o movimento dos membros inferiores e a deglutição.
●Avaliação do ambiente intrauterino procurando especificamente compressão ou apinhamento fetal por miomas, bandas amnióticas ou sinéquias.
● Ecocardiograma fetal.
●Estudo genético fetal.
●Aconselhamento pré-natal envolve a discussão dos achados no exame e qualquer teste genético e seu significado, opções de tratamento pós-natal (por exemplo, procedimentos cirúrgicos, gesso seriado, observação) e prognóstico. O encaminhamento para um conselheiro genético e pediatra ou especialista em ortopedia que possa discutir questões de manejo pós-natal pode ser útil. Em pacientes com pé torto isolado, a gravidade da anormalidade e a necessidade de cirurgia pós-natal são difíceis de prever no pré-natal.
●O diagnóstico pré-natal de pé torto isolado não altera os cuidados maternos pré-parto ou intraparto.
●Risco de recorrência – Para pais sem pé torto, o risco geral de pé torto isolado recorrente depende do sexo do primeiro filho: é de 2% após um homem afetado e 5% após uma mulher afetada. Se um pai e um filho forem afetados, o risco de recorrência é de até 25%.
Tratamento e Prognóstico
Não há tratamento pré-natal.
O tratamento pós-natal é importante porque os pacientes não tratados podem apresentar incapacidade, deformidade e dor a longo prazo. As intervenções conservadoras incluem fisioterapia, imobilização, bandagem e gesso, mas o tratamento cirúrgico pode ser necessário. Vários procedimentos cirúrgicos foram descritos; a escolha depende de uma variedade de fatores individuais.
O comprometimento do neurodesenvolvimento e musculoesquelético é mais provável com o pé torto complexo.
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